Foi preciso Rui Costa tornar público para CD da FPF instaurar processos disciplinares aos dragões

O Conselho de Disciplina (CD) da Federação Portuguesa de Futebol (FPF) anunciou a instauração de processos disciplinares a Sérgio Conceição, a Vítor Baía e à FC Porto SAD, «na sequência de participações apresentadas pelo Conselho de Arbitragem da Federação Portuguesa de Futebol e pela Sport Lisboa e Benfica, SAD», assim como a Francisco J. Marques, nesta caso na sequência de participação apenas do Conselho de Arbitragem da FPF.

Em causa estão declarações sobre arbitragem antes e depois da última jornada.

Eis o que diz o comunicado desta quinta-feira da Secção Profissional do Conselho de Disciplina da FPF

Assunto: Procedimentos disciplinares instaurados no âmbito das competições desportivas profissionais.

Processo disciplinar n.º 79 – 2022/2023

Instauração de processo disciplinar a Sérgio Paulo Marceneiro Conceição, a Vítor Manuel Martins Baía e à Futebol Clube do Porto – Futebol SAD, por deliberação da Secção Profissional, de 18 de abril de 2023, tendo por objeto apuramento da relevância disciplinar da factualidade participada, na sequência de participações apresentadas pelo Conselho de Arbitragem da Federação Portuguesa de Futebol e pela Sport Lisboa e Benfica – Futebol SAD. O processo foi enviado, dia 18 de abril de 2023, à Comissão de Instrutores da Liga Portuguesa de Futebol Profissional, ficando excluída a publicidade até ao fim da instrução.

Processo disciplinar n.º 80 – 2022/2023

Instauração de processo disciplinar a Francisco José Carvalho Marques, por deliberação da Secção Profissional, de 18 de abril de 2023, tendo por objeto declarações proferidas sob o enfoque das ofensas à honra ou consideração de agentes de arbitragem, ou eventual violação de deveres gerais, na sequência de participação apresentada pelo Conselho de Arbitragem da Federação Portuguesa de Futebol. O processo foi enviado, dia 19 de abril de 2023, à Comissão de Instrutores da Liga Portuguesa de Futebol Profissional, ficando excluída a publicidade até ao fim da instrução.

Em causa estão declarações sobre arbitragem antes e depois da última jornada, que aqui recordamos.

Primeiro foi Sérgio Conceição, a 14 de abril, sexta-feira, na conferência de imprensa de projeção do jogo com o Santa Clara, ao ser confrontado com o facto do árbitro nomeado para a partida, Cláudio Pereira, não ser internacional, ao contrário do juiz da partida do Benfica em Chaves, João Pinheiro.
 

«Acho que à medida que caminhamos para o final da Liga, os jogos ganham o seu peso. Todos os erros e pontos perdidos podem ser decisivos. É evidente. Acho que todos os intervenientes têm de dar o seu melhor. Nós, jogadores e treinadores, estamos no máximo e queremos que toda a gente esteja no máximo. Provavelmente terei outro processo no final desta conferência. Óbvio que houve erros no passado, a ferramenta VAR é importante, mas quem está atrás é sempre uma pessoa. São três que lá estão, penso eu. Se o critério for o mesmo, errou, tudo bem. Todos erramos. Agora, não pode haver dois pesos e duas medidas. Parte tudo daí e nesta reta final é importante que as pessoas esteja no máximo, cada um no seu papel», disse.

No mesmo dia, mais tarde, foi a vez de Vítor Baía, vice-presidente e administrador, recorrer às redes sociais, aproveitando as declarações do treinador: «Que não se repitam erros que influenciam resultados», escreveu Baía.

No dia seguinte o Benfica perdeu em Chaves (0-1) com polémica, fruto de um penálti por marcar antes do golo da vitória flaviense, ao cair do pano, e logo a seguir o FC Porto venceu em casa o Santa Clara por 2-1, reduzindo de sete para quatro a diferença para as águias, que lideram o campeonato.

As intervenções de Sérgio Conceição e Vítor Baía, consideradas de pressão sobre as arbitragens, motivaram uma participação do Benfica ao CD da FPF, conforme anunciou Rui Costa na terça-feira (dia 18), antes da partida da equipa para Milão, para o jogo com o Inter, referente à Liga dos Campeões. «O Benfica vai fazê-lo, mas não deveria tomar nenhuma atitude. O Conselho de Disciplina, há pouco tempo, abriu um processo ao Benfica por notícias de jornais, não deveria ser o Benfica a ter de manifestar-se numa situação destas, que toda a gente noticiou durante a semana toda. É lamentável e acabou por ser um fim e semana como foi. Sabemos o que é que essa pressão originou. Não deveríamos ser nós a ter de fazer uma participação sobre isto, atendendo aos precedentes do Conselho de Disciplina com o Benfica. Posso adiantar que já o fizemos e vamos esperar as consequências. Que não seja o barulho externo o condicionante deste campeonato, que lideramos desde a primeira jornada até agora», disse o presidente encarnado.

E soube-se agora que as mesmas declarações de Sérgio Conceição e Vítor Baía também motivaram participação do Conselho de Arbitragem da FPF.

Na mesma noite de dia 18 (terça-feira), o diretor de comunicação do FC Porto, Francisco J. Marques, falou sobre o tema no Porto Canal, motivando então mais uma queixa, neste caso apenas do Conselho de Arbitragem da FPF e não do Benfica também, segundo o comunicado do CD.

«Este alarido que o Benfica resolveu fazer é a maior prova da sua fragilidade. Durante meses as coisas corriam bem porque ganhava e beneficiava de alguns erros de arbitragem, foi tendo uma vantagem importante, mas de repetente esbracejam e lançam suspeitas para todos os lados. Depois dos erros no clássico, é no mínimo surpreendente que o Benfica venha queixar-se da arbitragem. Esse jogo é o exemplo de como o VAR não auxiliou o árbitro. Toda a máquina de propaganda do Benfica nada disse sobre isso, como nos jogos com o Vizela, com o V. Guimarães… Nessas alturas esteve sempre calado, agora vieram acusar o FC Porto de procurar condicionar a arbitragem. Qual foi o condicionamento? Sérgio Conceição disse que não pode haver dois pesos e duas medidas, qual é o condicionamento disto? E Vítor Baía disse que não queria que se repetissem erros, isto condiciona alguém ou adultera algo? Não. É um contributo positivo e um apelo para que todos estejam concentrados para que nas últimas jornadas não aconteça o que aconteceu em 2019/20, com vários erros que penalizaram muito o FC Porto. Todos nos lembramos do comportamento de Rui Costa no final do jogo da Taça, em Braga, quando foi confrontar o árbitro Tiago Martins. Pouco tempo depois, como VAR, Tiago Martins teve uma atuação desastrosa no FC Porto-Gil Vicente, com a expulsão errada de João Mário. Terá sido consequência do condicionamento de Rui Costa. E também houve condicionamento de Fernando Seara há uns tempos e de Lourenço Coelho logo no sorteio da Liga. Aquilo a que estamos a assistir esta semana é simples: instalou-se o pânico na Luz porque perceberam que as coisas estão a cair como um castelo de cartas e estão a pedir ajuda à arbitragem. Há uma necessidade de salvar o Benfica do buraco onde está», disse.

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