Dois golos e uma assistência nos primeiros cinco jogos pelo Benfica após o surpreendente regresso à Luz no mercado de janeiro já fizeram Gonçalo Guedes recuperar o sorriso e a alegria de jogar, tornando esta uma aposta ganha por parte do avançado de 26 anos.
Apesar do sabor agridoce que o golo de anteontem em Braga teve, e dos efeitos nefastos da expulsão de Alexander Bah aos 31’, que obrigou Schmidt a reformulação que implicou o sacrifício – leia-se substituição – de Guedes, numa decisão que surpreendeu alguns analistas, a mudança de ares está a surtir efeito e ameaça agora transformar uma época que parecia perdida no Wolverhampton numa caminhada de sucesso na Luz.
Ao serviço do clube inglês na primeira volta, e com utilização com alguma intermitência, Guedes totalizou 18 aparições, apenas 972 minutos de ação (média de 54 minutos/jogo) e logrou dois golos e uma assistência. Agora, ao serviço do clube da Luz, com 269 minutos de competição distribuídos por cinco partidas (média de 53,8 minutos/jogo), Guedes já conseguiu os mesmos dois golos e uma assistência, demonstrando que tomou a decisão certa quando trocou o sonho da Premier League pelo regresso, ainda que curto, à casa de partida.
Mas mais relevante do que comparar os números logrados pelos wolves e pelas águias é analisar o peso que Guedes já acrescentou à manobra ofensiva da equipa de Roger Schmidt.
Nos cinco jogos realizados após o fecho da janela de transferências de janeiro – Santa Clara (f), Paços de Ferreira (f), Arouca (f), Casa Pia (c) e Braga (f) – os encarnados lograram 12 golos, o que significa que Gonçalo Guedes, com os tais dois golos (Santa Clara e Braga) e uma assistência (Arouca) ficou diretamente ligado a 25 por cento dos mesmos. Assinalável para um jogador acabado de chegar, ainda que bem conhecedor dos cantos à casa. E ainda mais depois de nos últimos três jogos ter jogado como referência no ataque, a colmatar a ausência de Gonçalo Ramos, sabendo-se que essa não é a sua posição de raiz.
A afirmação relâmpago de Guedes no atual contexto também ajuda a enfatizar o ocaso de Julian Draxler.
O alemão de 29 anos nem saiu do banco no jogo de anteontem e a afirmação de Guedes, numa altura em que Rafa e Gonçalo Ramos já voltaram à ação e em que David Neres recuperou espaço entre os titulares, ameaça deixar ainda mais à sombra o campeão do Mundo alemão, mesmo depois do enorme esforço que na última janela do mercado redundou numa muito substancial redução do número de opções do plantel às ordens de Roger Schmidt. Os números de Draxler na Luz, de resto, não diferem muito dos de Guedes no Wolverhampton: dois golos em 18 aparições de águia ao peito, num total de 763 minutos de competição (média de 42,3 minutos/jogo).
