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Resolvi sair porque estava a ser difícil habituar-me à forma de jogar da equipa

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O internacional português João Félix, de 23 anos (ex-Benfica), cedido pelo Atlético de Madrid (Espanha) ao Chelsea (Inglaterra) para a segunda metade da temporada, revelou as suas convicções em extensa entrevista concedida esta quinta-feira já na sua nova casa em Londres ao diário desportivo madrileno As.

«[Diego] Simeone [treinador dos ‘colchoneros’] ensinou-me a competir de maneira diferente» e «não me arrependo de ter assinado pelo Atlético» – no verão de 2019, oriundo do Benfica, a troco de €126 M, recorde-se – são algumas das confissões do avançado luso, rendido aos ‘blues’: «O Chelsea é um grande clube, está muito bem estruturado, e nota-se que é um clube que tem muito dinheiro», disse Félix.

João Félix diz que «a integração foi fácil, bem mais do que aquando da mudança para Madrid, quando tinha 19 anos» e confessou que ter vários companheiros de equipa espanhóis – Azpilicueta, o guardião Kepa e Cucurella – facilitou a rápida integração no (ainda) campeão mundial de clubes.

Félix destaca também as primeiras impressões de Enzo Fernández, que chegou também do Benfica no último dia da janela de transferências de janeiro, a troco de €121 M, a contratação mais cara da Premier League e a sexta transferência mais cara da história do futebol.

«Enzo é boa pessoa. Entrou logo na equipa, dois dias depois de ter chegado e mostrou que é muito bom jogador. Se esperava que pagassem tanto por ele? Cada vez mais no futebol se pagam transferências nestes montantes, de 80, 90, 100 ou mais milhões de euros. Merece esse investimento, pois é um jogador jovem, muito bom e com margem de progressão. Vai ser um dos melhores médios-centro na Europa», vaticina João Félix sobre o campeão do Mundo pela Argentina e agora seu companheiro de equipa no Chelsea.

A expulsão ao 58.º minuto do encontro com o Fulham ‘de’ Marco Silva, na sua estreia pelo Chelsea, afastou João Félix, por suspensão, por três jogos das opções do técnico dos ‘blues’ londrinos, Graham Potter, mas não levou o internacional português a desanimar. Até por sábado, dia 11, já poder voltar às opções e jogar, no dérbi londrino diante do West Ham (Premier League).

«Estava a fazer, até, um bom jogo, mas é futebol: é como falhar um penálti ou um golo fácil. Não me caiu o Mundo em cima. Claro que por ser um cartão vermelho na minha estreia teve mais impacto, mas estou tranquilo, pois estava a fazer as coisas bem até esse momento e confio nas minhas capacidades», afirmou Félix, que já deitou o momento infeliz para o capítulo do passado e das aprendizagens na carreira.

«Estou feliz no Chelsea, mas o futuro ninguém sabe. O empréstimo não contempla opção de compra. Resolvi sair porque estava a ser difícil habituar-me à forma de jogar da equipa. Estava com a ‘cabeça cheia’ de tanto tentar e não conseguir! Tinha de sair em janeiro, e, creio, foi bom para mim, mas também para o Atlético de Madrid», revelou João Félix, que não aponta o dedo, apesar das polémicas, a Simeone.

«Todos o conhecem [a Diego Simeone], todos sabem o quanto já ganhou. É um técnico muito bom. Tem uma forma de ver futebol que não a de outros. E isso é bom para uns e mau para outros: depende de cada um. Mas tem a sua virtude», considera João Félix.

Questionado sobre se teria gostado de poder ter contado com mais confiança de Diego Simeone nas suas potencialidades, João Félix reparte por ambos as responsabilidades.

«A confiança tem, também, de partir, sempre, e também, do próprio jogador. Quando cheguei, não, mas na terceira época no Atlético já tinha sempre a confiança no máximo. Mas também é logico e normal que o técnico tenha mais confiança nuns do que noutros.  Claro que Simeone me tornou melhor jogador: isso vê-se comparando o dia em que cheguei ao Atlético e como estou agora. Isso é graças a ‘El Cholo’ [Simeone], mas também ao selecionador de Portugal, Fernando Santos, aos meus companheiros na Seleção e no Atlético, aos jogos que joguei e não joguei: tudo me fez crescer», disse João Félix.

«Simeone ensinou-me a competir de uma maneira a que não estava acostumado. Pode dizer-se que sim, que me ensinou, e a todos nós, a sofrer em campo», considerou João Félix, que declinou eleger entre Simeone e Fernando Santos qual o treinador que mais o fez crescer, optando por uma terceira via.

«Se querem um nome, Bruno Lage. Foi o treinador que me deu oportunidade [de jogar e se afirmar] no Benfica», é a confissão de João Félix esta quinta-feira, além de «ter jogado muitos jogos com dores» nos ‘colchoneros’.

Motivo? «Lesionei-me a 1 de dezembro de 2020, pelo Atlético, num jogo diante do Bayern de Munique, e não sabia. Joguei com muitas dores em novembro e dezembro desse ano, e só soube que estava lesionado no final da temporada, que tinha um osso fraturado, o que só soube quando fui consultar um especialista em medicina dos pés renomado. Estive seis meses a jogar com um osso do pé partido. A sensação é parecida com a de ter uma pedra dentro do sapato, mas, e neste caso, era dentro do próprio pé», revelou João Félix, com desassombro.

Uma última palavra de João Félix para Portugal e o Mundial do Catar-2022. «Faltou-nos um pouco de sorte. E no jogo com Marrocos, ficaram alguns penáltis por assinalar a nosso favor. O que penso de Roberto Martinez [novo Selecionador Nacional]? Fez um bom trabalho com a Bélgica. Gosto do seu estilo. E pelo que me dizem Witsel e Ferreira-Carrasco, é muito bom», diz quem confessou ter «estranhado» ver CR7 suplente de Portugal no jogo dos oitavos de final no Catar, diante da Suíça (6-1).

«Estranhei um pouco, não é habitual Cristiano estar no banco, mas o ‘mister’ [Fernando Santos] é quem decidia. Cristiano reagiu muito bem. Essa sua reação foi ótima para o grupo, pois transmitiu-nos confiança e a noção de que estávamos, mesmo, todos juntos. Foi muito bom para nós [Portugal] e ajudou-nos», concluiu João Félix, dois meses após o Catar-2022.

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