Jorge Jesus lançou a partida referente à 24.ª jornada da Liga NOS. O SC Braga-Benfica está marcado para este domingo, às 20h00, no Estádio Municipal de Braga.
Em conferência de Imprensa realizada no Benfica Campus, o treinador das águias considerou os bracarenses “um rival forte”, mas lembrou que a equipa benfiquista tem “vindo a melhorar de jogo para jogo”. Abordou a linha mais recuada do coletivo, sem garantir se jogará com uma linha de três defesas-centrais…
Este é o momento ideal para defrontar o SC Braga, uma das grandes equipas do futebol português?
A realidade diz-nos que amanhã [domingo] é mais um jogo, com um rival que está a fazer uma boa época e tem-se intrometido na luta dos três grandes, nesta época e noutras. Sabemos que vamos encontrar uma equipa forte, tal como o Benfica é. Acreditamos que temos muita qualidade e estamos muito confiantes, e a subida dessa confiança tem que ver com os últimos resultados. Temos vindo a melhorar de jogo para jogo. Temos de demonstrar isso em Braga, diante de um rival que está a pensar em ganhar ao Benfica. Vai ser um grande jogo.

Dado o historial de resultados nos recentes duelos, este SC Braga é um dos adversários mais complicados para o Benfica, atendendo também à luta por lugares de acesso à Champions League?
O SC Braga é um rival forte, nesta época jogámos duas vezes com eles e não ganhámos. Em Leiria, na meia-final da Taça da Liga, utilizámos uma equipa completamente diferente da que vai jogar amanhã [domingo], porque coincidiu com um dos períodos em que fomos “atacados” pela COVID-19, mas isso não tira valor à equipa do SC Braga. Temos a certeza de que vamos encontrar dificuldades neste jogo, o SC Braga vai-nos apertar várias vezes, e nós temos de ter capacidade para aceitar e para fazer a mesma coisa ao adversário, ou seja, sermos ofensivamente uma equipa com qualidade, que individualmente possa numa ou noutra jogada fazer a diferença, acreditamos que temos jogadores para isso. É um jogo importante em face da classificação das equipas. O SC Braga está à nossa frente por dois pontos. Sabemos que, ganhando, passamos o SC Braga, e tudo isso vai contar, mas não vamos deixar de respeitar o adversário. É uma equipa forte, está nos quatro primeiros classificados… Cá está, as equipas que melhor jogam em Portugal são os quatro primeiros, os três primeiros, os dois primeiros, o primeiro… Quem está na frente ao longo de várias jornadas é que joga melhor e perde menos pontos.”Sentimos que estamos a melhorar e ainda faltam muitas jornadas”
Encara este jogo com o SC Braga de forma decisiva, tendo em conta o que pode significar em termos classificativos?
Sim! Em termos classificativos, é muito importante para o Benfica vencer em Braga. Um dos objetivos… bem, até ao primeiro lugar ainda acreditamos, mas temos de pensar no terceiro lugar, porque estamos em quarto e se ganharmos amanhã [domingo] seguramente passamos o terceiro classificado. E jornada a jornada vamos tentar recuperar na classificação, até chegarmos ao segundo lugar. Depois, é ver se ainda temos possibilidades de chegar ao primeiro lugar, sabendo que, a cada jornada que passa, temos menos hipóteses. Acreditamos, porque sentimos que estamos a melhorar e ainda faltam muitas jornadas.

O SC Braga venceu os dois jogos que realizou com o Benfica. O Benfica está numa série vitoriosa e sem sofrer golos. Alguma equipa deve temer mais a outra, tendo em conta este contexto?
Não há jogos fáceis. Falando em concreto do jogo com o SC Braga… já falámos aqui do que sentimos em relação ao valor do SC Braga. O facto de o SC Braga ter ganhado estes dois jogos [na Luz para a Liga NOS e a meia-final da Taça da Liga], se calhar é melhor para nós porque podemos corrigir coisas que não fizemos tão bem nesses dois jogos para que possamos ganhar em Braga. É nisso que estamos a apostar.”Temos de ser capazes de apertar ofensivamente”
A defesa é neste momento o setor que está mais próximo do que idealizou para o Benfica? Onde é que vê mais margem para melhorar?
O Benfica sofreu alguns golos no primeiro terço do Campeonato, principalmente, mas hoje é a segunda equipa menos batida na prova. A equipa tem vindo a crescer na organização defensiva, e ainda há muito para crescer, porque defensivamente o processo passa muito mais pelo treinador e pelo treino. Ofensivamente também passa, mas há maior relação com as características e as qualidades individuais. O treinador melhora a qualidade técnica dos jogadores quando eles a têm, mas se não a tiverem, não se consegue. Defensivamente isso é possível. Consegue-se pôr os jogadores a defender melhor, porque isso está muito ligado ao treinador, ao treino e à forma como se pensa coletivamente do ponto de vista defensivo.
Há umas semanas, Sérgio Conceição disse que, ofensivamente com bola, o SC Braga era a melhor equipa do Campeonato. Concorda?
Sempre disse, e vou-me repetir… Já tive uma história parecida no Brasil, que era saber qual é a equipa que jogava melhor. Um treinador dizia uma equipa, outro dizia outra. Eu sempre disse: quem joga melhor é quem está em primeiro. Não acredito que quem jogue melhor seja quem está em segundo ou em terceiro lugar. A qualidade de jogo é que faz a diferença na conquista dos pontos. Quem joga melhor é quem está em primeiro.

Vai apresentar uma linha defensiva com três centrais ou a consistência defensiva dos últimos jogos dá-lhe garantias para apostar em dois defesas-centrais?
Em relação à equipa estar com maior estabilidade defensiva… não tem só que ver com a entrada do Lucas [Veríssimo], mas também por causa da melhoria coletiva da equipa, em termos de treino. Isso fez com que a equipa não sofresse golos nestes últimos jogos. Tendo o Vertonghen, e se essa possibilidade [de jogar com três centrais] se coloca? Sim! Não seria a primeira, segunda ou terceira vez que acontecia. Nesta época, já jogámos assim em quatro partidas, numa delas de forma camuflada. Se jogar o Vertonghen, o Otamendi e o Lucas será uma linha de três defesas-centrais fácil de perceber. Já jogámos com uma linha de três e apenas dois eram defesas-centrais, como, por exemplo, no jogo no Estádio do Dragão.”Três centrais com Vertonghen? Não seria a primeira, segunda ou terceira vez que acontecia”
No início da temporada poucos imaginariam que nesta altura os jogadores Odysseas e Vertonghen fossem suplentes. Tratando-se de internacionais, como é que se gere as expectativas? Quando elogiou Lucas Veríssimo dizendo que ele lia melhor o jogo do que alguns jogadores com mais de 30 anos, dirigia-se a Vertonghen?
Não. São duas questões diferentes. O Ody foi uma opção minha, de mudança [na baliza]. O Vertonghen, não, ele saiu da equipa porque se lesionou frente ao Arsenal. Esteve alguns jogos com problemas musculares e isso fez com que fosse mais fácil a entrada do Lucas Veríssimo, só isso. A experiência do conhecimento do jogo é sempre melhor com os anos, mas é verdade que há jovens que conhecem melhor o jogo do que outros jogadores com mais anos. Uma das coisas boas do Vertonghen é que ele conhece o jogo muito bem.

O futuro da equipa do Benfica passa por uma aposta na formação?
Em todos os clubes, e muito mais nos clubes grandes, a formação é importantíssima. O Benfica, pelo seu passado, tem um historial de jogadores que muitas vezes são mais-valias financeiras para o Clube, como foi o caso do João Félix, mas não há jogadores como este todos os dias. É uma política de todas as equipas em Portugal, e do Benfica também é e vai continuar a ser.
Disse que a aposta na formação vai continuar a fazer parte, mas quando olhamos para a equipa do Benfica há apenas o Diogo Gonçalves a jogar com alguma regularidade…
Esse é um tema que importa alimentar para ver se se vendem jornais… Na prática, não é esse o meu historial. Neste momento está a jogar um lateral-direito que veio da formação, o Diogo Gonçalves. E no ano passado quem é que jogava a titular que tenha vindo da formação? O Rúben Dias, que está no Manchester City. Os jogadores da formação fazem-se com tempo, tem a ver com as características e valores. É fácil para um treinador lançar jovens quando eles são acima do normal. Na época passada, no Flamengo, lancei um jovem júnior, com 17 anos [Reinier]. Era titular do Flamengo e agora está no Real Madrid [emprestado ao Borússia Dortmund]. Tomara eu que o Benfica tenha, na próxima época, dois, três ou quatro jogadores da formação a jogar na primeira equipa. É bom sinal. O Gonçalo Ramos… este é o primeiro ano de sénior. Tem potencial e vai crescer passo a passo. É normal. Todos os treinadores gostam de lançar jovens.