
Toni deixou o coração benfiquista tomar-lhe a voz, ontem, para falar sobre o momento da equipa, numa tradução honesta das sensações que esta lhe tem transmitido – e não apenas por causa do tropeção nos Açores. Mas fez, antes, questão de meter pontos nos iis. «Todos sabem da minha conotação a Noronha Lopes nas últimas eleições, mas não sou oposição no Benfica!», clarificou. Foi, depois, direto ao tema.
«Já disse várias vezes que este Benfica está longe de ser Benfica à Jorge Jesus. Mas não é o de ontem [anteontem, nos Açores] só. As equipas de Jesus tinham boa organização coletiva, defensiva e ofensiva, eram equipas que normalmente, fruto da forma como se organizavam, com pressão mais alta, faziam das transições rápidas imagem de marca. Mas o que é certo é que, dentro dessa expetativa que eu e muitos adeptos tinham, o Benfica, exceptuando as primeiras quatro ou cinco jornadas, mesmo com melhores resultados do que exibições, mas ganhando, não é o Benfica», começa por dizer, lembrando que «a ausência da Champions foi primeiro abalo», que fez a realidade chocar de frente com o discurso. «Se juntarmos a isso as expetativas que foram criadas fruto daquela mensagem muito forte que o Benfica iria jogar o triplo e arrasar – e que entendo como sendo de alguém [Jesus] que quer mobilizar os adeptos -, a euforia da chegada, tudo isso também acho que contribui para este estado». Mas qual estado? Toni está ciente de que é um Benfica «no terceiro lugar, em igualdade com o segundo», que «está ainda na Liga Europa, Taça da Liga e Taça de Portugal», todos eles «objetivos que podem ser atingidos», mas a análise da realidade, sublinha o treinador, dá para desconfiar…