Jorge Jesus em antevisão ao jogo com o Marítimo

Jorge Jesus, treinador do Benfica, anteviu o jogo da 8.ª jornada da Liga NOS. A partida tem o apito inicial marcado para as 19h00 desta segunda-feira, no Estádio do Marítimo.

Para o duelo na Madeira, o técnico antecipou dificuldades diante dos verde-rubros; voltou a elogiar Gonçalo Ramos; falou sobre as oscilações que acontecem num Campeonato; e lamentou os recentes falecimentos de Vítor Oliveira, José Bastos e Diego Armando Maradona.

Que Benfica podemos esperar num campo tradicionalmente difícil e diante de um Marítimo que, nesta época, já venceu no terreno do FC Porto?

Vamos jogar num campo difícil, o Marítimo costuma ter boas equipas. Que Benfica podemos encontrar? Como todas as equipas, o Benfica anda à procura dos caminhos para ser cada vez melhor. Os inícios de época são, exatamente, os sinais que dão aos treinadores em relação à qualidade e aos pormenores que apresentam. O Benfica vai fazer um jogo com a responsabilidade que todos os jogos têm e com a confiança de saber que tem capacidade para somar três pontos no Funchal. O jogo vai ser bem disputado, como são todos. Não vamos encontrar facilidades, estamos cientes disso, mas estamos preparados para as dificuldades. A responsabilidade do Benfica é vencer e continuar a somar para que possa recuperar a posição que já teve, que é o primeiro lugar, onde esteve até à 5.ª jornada.

Jorge Jesus Benfica

“A NOSSA IDEIA É JOGAR DENTRO DAQUILO QUE TEMOS FEITO ATÉ AGORA”

Darwin não está disponível. Face à exibição de Gonçalo Ramos frente ao Rangers, pode ser opção nesta partida?

Sobre o Gonçalo Ramos… Se ele é titular? É um titular do grupo, dos 22, 23, 24 jogadores que o Benfica tem. Como todos os jovens, a qualidade técnica é fundamental, mas não chega. Ninguém nasce ensinado. É assim em todas as áreas, e no futebol é igual. O que interessa no Gonçalo Ramos é saber se tem talento. E isso ele tem. No jogo oportuno, ele vai estar nas minhas opções e vai ter as suas possibilidades.

Em relação à intensidade e pressão que Jorge Jesus gosta de aplicar nas suas equipas… esta é uma dor de cabeça para o treinador?

Estamos sempre à procura do melhor para uma ideia de equipa tanto defensivamente como ofensivamente. Temos uma característica: quando defendemos, a maior parte do tempo defendemos dentro do meio-campo adversário, pela nossa forma de pensar o jogo. É mais difícil, com certeza que é, mas não vamos abdicar dela, seja onde for. Não quer dizer que não haja momentos de estratégia e que durante o jogo isso não aconteça, mas a nossa ideia é jogar dentro daquilo que temos feito até agora, não vamos mudar nada. Mas não quer dizer que amanhã [segunda-feira] não possamos mudar o nosso sistema.

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Há novidades em relação aos jogadores que tenham testado positivo à COVID-19?

A COVID-19 é o problema dos tempos modernos, temos de saber conviver com ele. Ontem [sábado] fomos todos testados e demos todos negativo. Aqueles que se encontravam com o teste positivo, alguns deles já passaram os dez dias, pelo protocolo até poderiam estar no jogo, mas como na Madeira exigem um novo teste que desse negativo, ainda não o fizemos e, portanto, esses jogadores, o Julian [Weigl], o Taarabt, o Darwin, que são os únicos jogadores que temos com esse problema, para além daqueles que estão lesionados… estão todos fora do jogo de amanhã [segunda-feira] na Madeira.

Um esclarecimento: Taarabt, Weigl e Darwin testaram positivo ou negativo?

Segundo o protocolo, ao fim de dez dias, não é preciso testar ninguém. O Taarabt não tem dez dias, mas tanto o Julian [Weigl] como o Darwin já têm mais de dez dias, por isso nós não precisamos de os testar para saber se estão negativos ou positivos.

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“O BENFICA VAI FAZER UM JOGO COM CONFIANÇA PARA SOMAR OS TRÊS PONTOS”

A equipa entra num ciclo complicado com vários jogos. Pelas limitações devido às ausências, sente a equipa preparada?

Quando temos seis ou sete jogadores de fora, sendo que quatro ou cinco vinham a jogar no onze, temos menos soluções para podermos dar descanso a um ou outro jogador. Se forem quatro, cinco ou seis jogos consecutivos, tem influência. Um, dois ou três jogos, não tem importância.

O Sporting venceu o Moreirense [2-1 neste sábado], o Benfica vai entrar a sete pontos. Isso pode pesar nos jogadores?

A pontuação depois de os adversários jogarem – e nisto não tenho a certeza absoluta em relação aos do Sporting e do FC Porto – para os jogadores do Benfica, do FC Porto e do Sporting não tem importância. Faz parte da pressão e da responsabilidade jogarem sempre para ganhar. Estar mais à frente ou atrás na classificação não interfere no jogo negativo dos jogadores.

Considera que Sporting e SC Braga vão lutar pelo título até ao fim?

Penso que as quatro equipas podem disputar os primeiros lugares, pelas indicações que têm dado… mas três nem precisam disso, o passado histórico assim o diz, que são o Benfica, Sporting e FC Porto. O SC Braga é uma equipa que, neste momento, quer intrometer-se na luta dos três grandes e tem todo o direito pelo que tem demonstrado e pelo que tem crescido. A surpresa do Sporting estar em primeiro? Isso é agora, porque nas primeiras cinco jornadas éramos nós. Não me surpreende nada. O Campeonato vai ter várias oscilações na classificação. Já foi o Benfica, agora é Sporting, amanhã pode ser o FC Porto. O Campeonato vai ser competitivo. É melhor andar em primeiro do que em segundo.

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“O CAMPEONATO VAI TER OSCILAÇÕES NA CLASSIFICAÇÃO E VAI SER MUITO COMPETITIVO”

Está surpreendido por estar atrás do Sporting na classificação?

Surpreendido, não. Já o tinha dito. As equipas caracterizam-se pelo número de golos que fazem nos jogos que realizam, por forma a marcarem mais do que o adversário. Os números financeiros têm influência? Têm, mas não são determinantes. Se fossem, o Benfica, o Sporting e FC Porto não entravam na Liga Europa ou na Champions. Devido aos orçamentos nem íamos lá. E vamos lá com ambição para podermos disputar os jogos com as outras equipas.

O facto de ter sofrido dois golos em Glasgow preocupa-o?

Claro que me preocupa quando sofro golos, seja um, dois ou mais… Cada jogo em que sofremos tem histórias diferentes. Os dois golos sofridos na Escócia é mérito de quem ataca e não demérito de quem defende. Foi mérito do adversário. Não contabilizo esses dois golos como alguns que sofremos, porque em termos de organização defensiva nós estivemos bem.

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Sente-se triste? Acha que podia ser um dos nomeados para Melhor Treinador do Mundo?

O critério de escolha dos melhores treinadores do mundo penso que seja a conquista de títulos importantes, títulos nacionais, no meu caso estive no Brasil, e internacionais, como foi a Libertadores e a Recopa da América Latina – o equivalente ao vencedor da Liga Europa e da Champions. E fomos vice-campeões do mundo. Se o Flamengo tivesse sido campeão do mundo, o treinador destacado no mundo teria de ser eu. Penso eu, senão seria o cúmulo… Como não fui, só pode ser um: Klopp. Quanto ao resto, não me interessa nada. Se não for primeiro, para mim não tem interesse. Foi o que as pessoas decidiram, independentemente de eu saber quem é o melhor.

Já falou com Luís Filipe Vieira, depois de o Presidente ter chegado do Brasil?

O Presidente chegou ontem [sábado] à noite. Já me comunicou que vai estar com a equipa na Madeira, se não acontecer nenhum imprevisto. Vou ter tempo para estar com ele e falar sobre todos esses pormenores. Não me compete saber se o jogador [Lucas Veríssimo] já está apalavrado ou confirmado. Hoje em dia, no futebol, só está confirmado quando se assina.

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“HOJE EM DIA, NO FUTEBOL, SÓ ESTÁ CONFIRMADO QUANDO SE ASSINA”

Foi uma semana triste para o futebol português e mundial…

Foi um choque e uma surpresa muito grande o falecimento do Vítor [Oliveira], que ainda era muito jovem. Deixo a minha homenagem à família dele. O senhor Reinaldo Teles era um amigo meu. Foi uma semana um pouco complicada… Também faleceu uma figura do Benfica, que os mais antigos conhecem, que é o José Bastos, uma lenda da baliza do Benfica. Faz parte da nossa vida. Não estamos preparados para ver morrer as pessoas de que gostamos. Depois, o maior jogador da história do futebol mundial… Ele [Maradona] e Pelé. Maradona, não só por aquilo que era como génio e jogador, mas também pela forma como demonstrava a paixão pelo jogo. Nasceu para jogador de futebol. Não é um produto trabalhado, é um produto criado, já nasceu assim. Todo o sentimento que tinha com a bola, com o jogo…

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