
Darwin Núñez não só se tornou o uruguaio mais jovem de sempre (21 anos) a marcar três golos nas competições europeias, superando registos do Luis Suárez (22) e Edinson Cavani (23), como se tornou o sucessor de João Félix como autor de hat trick na Europa.
O avançado português, recorde-se, marcou três golos na vitória dos encarnados sobre o Eintracht Frankfurt, na Liga Europa, em abril de 2019.
São nove os jogadores que na história do Benfica marcaram três ou mais golos num jogo nas provas europeias. Eusébio, claro, lidera a lista.
Marcou uma vez três ao Norrkoping, quatro ao Dudelange e quatro ao Olympia. Segue-se José Torres, com quatro golos ao Aris Bonnevoie e três ao Valur. Pedras fez hat trick ao Dudelange, Pacheco ao Belvedur, Iuran assinou quatro no jogo com o Hamrun Spartans, José Augusto três ao Dudelange e Nené três ao Feyenoord. E, finalmente, João Félix e Darwin Núñez.
Sobre a casa de Bibiano Núñez e Sílvia Ribeiro as nuvens negras e chuva forte de ontem não apagaram o brilho da alegria ou arrefeceram o entusiasmo que por lá se vive.

Nem sempre foi assim onde vivem, Artigas, pequena cidade uruguaia, com cerca de 45 mil habitantes, 600 quilómetros a norte da capital Montevideu, e a escassa meia dúzia da fronteira com o Brasil. O passado foi marcado por dias difíceis, o presente é vivido com segurança, conforto e felicidade e o futuro, no mínimo, é promissor.
Tudo porque o filho mais novo do casal, Darwin Núñez, é um bom menino, como insistem os pais, e porque, claro, está a viver os dias mais felizes como futebolista.
«Sim, falei com ele. Estava muito contente», confessou Bibiano Núñez. Falaram pouco depois de Darwin ter marcado três golos na vitória do Benfica sobre o Lech Poznan, anteontem, na Polónia. «Ele está bem, aí, em Lisboa, gosta muito da cidade», prossegue um pai descansado por estar tudo a correr bem ao filho. Em Artigas, não se sentiu qualquer sinal de ansiedade de quem procurou os golos durante cinco jogos. Chegariam ao sexto. De rajada. «Estamos contentes por ter marcado, mas a preocupação dele foi sempre a equipa. Sabia que, mais cedo ou mais tarde, marcaria. A equipa estava a jogar bem e os golos seriam questão de tempo. Graças a Deus, chegaram. E logo três», partilha, radiante, o pai de Darwin.
Darwin não se esquecerá mais, provavelmente, da noite que viveu, anteontem, do primeiro jogo na Liga Europa. Não é para menos. Marcou pela primeira vez pelo Benfica, fez, aliás, e como se sabe, mais do que isso, assinando o primeiro hat trick pelos encarnados nas competições europeias. Mas, por pouco, não levava preciosa recordação para casa – a bola do jogo.

Ninguém consegue tirar o sorriso ao avançado uruguaio de 21 anos. Foi o protagonista – e de que maneira – do triunfo encarnado sobre o Lech Poznan, na Polónia. De tal forma estava nas nuvens que nem se lembrou de pedir ao árbitro a bola de jogo. Foi já depois de sair no relvado que alguém do staff do Benfica lhe perguntou pela bola. Que se tinha esquecido. Ato contínuo e alguém da comitiva se dirigiu ao árbitro, o montenegrino Nikola Dabanovic, que ainda a tinha e, sensível, aceitou dá-la ao homem do jogo.
Depois do jogo e ainda na manhã de ontem, Darwin estava radiante, como mostra a foto que partilhou com a bola, já assinada, no autocarro, antes da saída do estádio para o hotel. O grupo sente que o hat trick foi a recompensa pela dedicação do jovem uruguaio, que até ao jogo contra os polacos tinha oferecido cinco golos e nunca marcado.
O avançado tem impressionado, pela positiva, equipa técnica, companheiros de equipa e quem acompanha diariamente os treinos. E foi muito bem recebido pelos companheiros. Nicolás Otamendi e Cervi são os mais próximos.. E mostrou, desde logo, grande qualidade e muito acerto na finalização nos treinos. Jesus tem insistido em exercícios de finalização com Darwin, Seferovic e Gonçalo Ramos. E, para todo o grupo, era uma questão de tempo até o uruguaio marcar. Obcecado pelo trabalho, Darwin mantém os pés bem assentes no chão, valores que transporta desde a infância humilde.